Há uma grande diferença entre simplesmente informar algo e contar uma boa história. Quando você ensina para um aluno sobre a Primeira Guerra Mundial, relatando os acontecimentos como se estivesse lendo pedaços de informações, você está informando.

Quando você ensina para um aluno sobre a Primeira Guerra Mundial imprimindo drama na narrativa, utilizando recursos visuais e representando o diálogo dos personagens, você está contando uma história. E é muito mais provável que a atenção do aluno seja fisgada nessa segunda alternativa.

Se queremos engajar as pessoas nos nossos esforços de marketing, precisamos transformar nossas ações e informações em storytelling.

A arte de contar histórias surgiu desde os primórdios da humanidade, quando o homem utilizava as pinturas nas cavernas a fim de registrar o seu dia e de garantir o sucesso de suas caçadas.

Mais tarde, quando o ser humano aprendeu a falar, muitos mitos e lendas começaram a ser passados oralmente de pai para filho.

Então, acredite: o storytelling não é uma invenção da atualidade. Ele já existe há centenas de anos, mas a sua aplicação nas empresas é uma novidade que ajuda no desenvolvimento de muitas áreas, inclusive no marketing de conteúdo.

Quer saber o que é storytelling e como usar essa técnica? Continue lendo!

O que é storytelling?

Segundo Adilson Xavier, autor de Storytelling: histórias que deixam marcas:

Storytelling é a tecnarte de elaborar e encadear cenas, dando-lhes um sentido envolvente que capte a atenção das pessoas e enseje a assimilação de uma ideia central

A partir dessa definição, podemos entender que storytelling não são somente narrativas textuais. Histórias também podem ser contadas através de pinturas, fotografias, filmes, músicas, palestras ou até em apresentações de dança.

Além disso, histórias precisam ser relevantes: mais do que documentar algo, elas atribuem significado ao que passou, registrando nossas experiências a partir de nosso ponto de vista.

Todas as histórias são formadas por 5 elementos principais: a ideia central, o objetivo, o conflito, o desconhecimento e a transformação. Nós vamos nos aprofundar sobre cada um deles mais adiante.

Qual a importância do storytelling para as marcas?

Hoje, para se destacar no mundo corporativo, é preciso investir em um diferencial. Não basta somente produzir conteúdo sem pensar em envolver o público. Por isso, contar histórias é tão importante.

Veja abaixo algumas das vantagens do storytelling para as marcas.

Identificação com o público

Histórias geram identificação com o público, e por isso, são responsáveis por criar uma conexão emocional dentro de nós. Para as marcas, isso é fundamental.

Quando você se conecta emocionalmente com um conteúdo de uma marca, esses sentimentos positivos ficam guardados na sua memória.

Ficar marcado na memória do público é muito mais valioso do que qualquer outra coisa, pois essa memória afetiva certamente vai influenciar o consumidor na hora da compra.

Engajamento

É inegável: histórias engajam e envolvem as pessoas mais do que tudo. Atualmente, nós vivemos na época da Economia da Atenção: somos bombardeados por informações todos os dias, o tempo todo, e se concentrar fica cada vez mais difícil em um mundo digital tão veloz.

Contudo, o storytelling consegue capturar a atenção do consumidor com eficiência mesmo em um contexto caótico. E é dessa forma que você vai conseguir sair na frente de seus concorrentes.

Desenvolvimento do branding

O storytelling pode te ajudar a criar o branding da sua marca. O branding nada mais é do que um conjunto de ações alinhadas ao posicionamento, propósito e valores da marca. O seu objetivo é despertar sensações para que a marca seja lembrada.

Com os artifícios das histórias, você consegue desenvolver a personalidade da sua marca através dos arquétipos, tornando-a mais humana e gerando aquela identificação da qual já falamos acima.

Experiência do usuário positiva

A narrativa não precisa ser utilizada somente nos seus conteúdos: ela pode e deve ser implementada em toda a experiência do usuário, desde o início da jornada de compra até o pós-vendas.

Quando toda a jornada do usuário está imersa dentro de uma narrativa bem elaborada, a experiência se torna muito mais prazerosa, o que impacta diretamente nas vendas.

Os 5 elementos do storytelling

É claro que não existe uma receita de bolo para contar boas histórias, mas é preciso entender que toda história tem um início, meio e fim.

Além disso, existem pelo menos 5 elementos principais que compõem as histórias:

  1. A ideia central
  2. Objetivo
  3. Conflito
  4. Desconhecimento
  5. Transformação

Vamos ler sobre cada um deles abaixo.

A ideia central

Para começar a contar uma história, você precisa de uma ideia central. O fator diferencial deve ser o estranhamento: essa ideia é criativa? É diferente? Ela vai despertar algum interesse no público ou vai surpreendê-lo?

A ideia está muito ligada à mensagem que você deseja transmitir na narrativa. E além disso, é preciso pensar na forma como você deseja transmiti-la. Se você vai criar uma palestra, por exemplo, leve em consideração os seguintes itens:

  • Qual o tema central da palestra?
  • De que maneira eu vou falar sobre esse tema? Vou utilizar gráficos? Vídeos? Ou vou somente falar?

Objetivo

Nenhuma história está totalmente completa sem um personagem que possui algum objetivo. Nos filmes e nos livros, a perseguição pelo objeto de desejo do protagonista é o que dará sentido à história, às escolhas e aos seus atos, gerando empatia no público.

O objetivo é aquilo que leva o personagem a salvar, matar, trair ou mudar de ideia; é, enfim, o que fundamenta suas escolhas.

Conflito

O conflito é um elemento essencial para que a história ande para a frente. É por isso que os vilões são personagens usados por diversos autores, afinal, eles representam obstáculos que impedem o sucesso dos protagonistas. E o que é uma história sem um grande conflito?

No entanto, conflitos não precisam ser representados somente por pessoas. Os vilões de uma história também podem ser aspectos mentais, emocionais e físicos.

Adentrando a área do marketing, é importante termos ciência de quais são as dores e os conflitos de nosso público para que possamos criar um ótimo storytelling para eles.

Desconhecimento

Em uma história, o desconhecimento é fundamental para despertar a curiosidade. O fim é o ápice e deve ser marcante e impactante. Por isso, muitas narrativas contrariam as expectativas do público, criando o famoso “plot twist” que tanto adoramos.

Quando histórias são previsíveis demais, a graça se perde. E o mesmo pode ser dito no marketing: surpreender os clientes dentro de uma narrativa é sempre importante para gerar um impacto positivo.

Veja, por exemplo, as ações de marketing de unboxing que muitas marcas realizam. Essas ações envolvem o envio de presentes e mimos inesperados para os clientes, o que resulta na divulgação da marca de forma orgânica nas redes sociais, afinal, todo mundo ama receber mimos e compartilhar na Internet.

Transformação

Ao final da narrativa, o personagem sempre sofre algum tipo de transformação. Depois de ter passado por diversas provas e obstáculos, uma mudança precisa ocorrer no mundo do personagem, seja ela interna ou externa.

A transformação é o resultado do caminho percorrido na história. Quando ela acontece, o público se projeta nos personagens com os quais ele se identifica e sente como se os sonhos realizados na história também fossem seus.

Pergunte-se:

  • Que tipo de transformação você quer oferecer ao seu cliente?
  • Como mostrar que essa transformação é possível por meio de storytelling?

A jornada do herói

A jornada do herói é um modelo de storytelling proposto pelo mitólogo Joseph Campbell, que percebeu um padrão que se repetia nos contos e mitos de diferentes culturas. Assim, ele elaborou um modelo narrativo de 17 estágios pelos quais o herói passa.

Campbell apresenta esse estudo em seu livro, “O Herói de Mil Faces”. Ao analisarmos a estrutura, é possível perceber que diversos estúdios de cinema se valem desse mesmo modelo. Porém, ele pode variar.

Na publicidade, por exemplo, os comerciais utilizam a estrutura básica da jornada do herói de Campbell de forma muito mais resumida e enxuta.

Agora, nós vamos ver apenas as 8 principais etapas da jornada do herói, tomando como exemplo o filme O Rei Leão.

O Mundo Comum

Nessa etapa, somos apresentados ao protagonista e ao seu mundo. Descobrimos quem é Simba, onde ele vive e o que o aguarda no futuro.

O Mundo Comum

O Chamado à Aventura

O chamado à aventura acontece quando um conflito inicial desperta o protagonista e o tira da sua zona de conforto. Esse desafio fará com que ele experimente coisas novas.

Em O Rei Leão, o chamado acontece quando o pai de Simba é assassinado, o que o deixa com um dilema: ele deve se tornar rei ou deve fugir das terras do reino.

O Chamado à Aventura

A recusa do chamado

A recusa do chamado é aquela hesitação interna que percorre o protagonista antes de se render aos próximos desafios. Ele pensa duas vezes antes de sair de sua zona de conforto, querendo se manter na segurança de sua vida atual.

Simba encontra Timão e Pumba, duas figuras que se tornam mentores para ele e que o ensinam sobre a leveza da vida. Simba cresce, mas ainda não está preparado para ser rei, pois se sente culpado pela morte do pai.

A recusa do chamado

O encontro com o mentor

Podemos dizer que Simba possui não somente um mentor durante a história, mas cinco: Timão, Pumba, Nala, Rafiki e Mufasa. Contudo, há uma cena com Rafiki que se destaca em especial.

Simba se encontra com Rafiki, que mostra o espírito de Mufasa nas nuvens. Esse momento marca um ponto crucial em que o herói reúne coragem para voltar para suas terras e tomar o que é seu por direito.

O encontro com o mentor

A travessia do primeiro limiar

Finalmente chega o momento em que o herói se sente pronto para atravessar os limites entre o mundo que ele conhece e o desconhecido. O desconhecido não precisa necessariamente ser um lugar físico: ele pode ser a descoberta de um segredo, o confronto com um personagem ou a aquisição de uma habilidade.

No caso do Rei Leão, essa etapa acontece quando Simba decide voltar para casa, retomando suas origens para assumir o trono. Ele está pronto para enfrentar Scar.

A travessia do primeiro limiar

Provas, aliados e inimigos

Agora, o herói se encontra na “barriga da baleia”. Ele precisa enfrentar provações, encontrar aliados e enfrentar inimigos.

Quando Simba chega nas terras do reino, ele precisa confrontar a culpa que sente pela morte de seu pai. Enquanto ele encurrala Scar, seus amigos o ajudam na luta contra as hienas.

Provas, aliados e inimigos

A provação

Na jornada do herói, a provação é uma espécie de “morte” pela qual o herói deve passar para cumprir o seu destino. Aqui, ele precisa superar o maior obstáculo, geralmente um desafio letal ou um conflito interno mortal.

No Rei Leão, essa etapa representa a luta de Simba com Scar, após desmascará-lo, e o risco de perder sua vida na batalha.

A provação

O retorno com o elixir

Depois de tantas provações e de tanta luta, o herói finalmente volta pra casa com a sua recompensa: o elixir. O elixir pode ser um objeto mágico, um conhecimento, um relacionamento ou até reconhecimento.

No caso do Rei Leão, o elixir de Simba é o trono. Ao derrotar Scar, ele conquistou o trono que era seu por direito, podendo retomar o bom reinado de seu pai que Scar tinha destruído com miséria e fome.

Mas há uma segunda recompensa: a filha que Simba e Nala apresentam ao reino e que será a futura herdeira do trono. E assim, o ciclo se fecha.

O retorno com o elixir

Na jornada do herói de Joseph Campbell, existem mais etapas do que as 8 que escolhemos. Contudo, ao fazer storytelling, você não precisa necessariamente usar as 17 etapas. O melhor que você pode fazer é adaptar.

Ao passar por alguns desses estágios, você já tem uma narrativa completa.

E, é claro, vale lembrar que na publicidade e no marketing de conteúdo, essas etapas podem ser resumidas ainda mais para não causar um overload de informações no consumidor.

Como começar a escrever uma história?

Como tudo na vida, escrever uma história exige prática. E para colocar em prática, você deve estabelecer processos. Muitas pessoas acreditam que para fazer storytelling você precisa ser excepcionalmente criativo, mas o trabalho vai muito além disso.

Criar histórias também exige método, dedicação e pesquisa. Ficou surpreso? Bom, a seguir, nós vamos te mostrar uma metodologia que vai facilitar o seu processo de criação de histórias.

Vem com a gente!

Defina o seu público-alvo

Como escrever uma história se você não sabe quem é seu público? Para cativar a audiência, você precisa saber quem ela é. Pergunte-se:

  • Quais são as principais características da sua persona?
  • Como ela vai reagir lendo, vendo ou ouvindo a sua história?
  • Quais são suas dores e seus objetivos?
  • Como você pode impactá-la?

Esse processo de definição vai te ajudar nos próximos passos, que são cruciais para que você construa a base da sua história.

Estabeleça a mensagem principal

Independentemente da duração da história e de seu formato, uma narrativa precisa ter uma mensagem essencial que a guia para frente. Isso deve ser definido desde o início.

A sua história está vendendo um produto ou arrecadando fundos? Ela está lutando por alguma causa social? Qual é o propósito da história? Procure responder a essas perguntas e resuma a mensagem em até 10 palavras.

Decida que tipo de história você vai contar

Tenha em mente que tipo de história você vai escrever. Para isso, é preciso pensar nas preferências da sua audiência e nos objetivos da marca. Existem diversos tipos de histórias, como:

  • Histórias de ação: aquelas que descrevem como uma ação foi implementada e como os leitores poderão aplicá-la da mesma forma. Esse tipo de história geralmente evita entrar em detalhes exagerados, já que foca mais na ação da narrativa;
  • Histórias sobre você mesmo: essas histórias abordam desafios humanos, íntimos e genuínos, ressaltando nossas falhas e nossas vitórias;
  • Histórias sobre valores: usam emoções, personagens e situações familiares para discutir valores e lições pessoais, gerando identificação na audiência;
  • Histórias sobre comunidade: atraem uma grande variedade de leitores, resultando em uma narrativa compartilhável sobre experiências que unem uma comunidade;
  • Histórias educativas: falam sobre algum problema, ensinando como ele pode ser resolvido.

Use CTAs

Qual ação você deseja que seus leitores tomem depois de percorrer a sua história? O CTA (call-to-action) é uma chamada para a ação que deve constar depois do seu storytelling e deve convidar a audiência a agir.

Se o seu objetivo é, por exemplo, criar uma narrativa compartilhável, você pode ter um CTA que convida o espectador para compartilhar um texto ou um vídeo. Tudo vai depender dos seus objetivos.

Você pode convidar o leitor para se inscrever em uma newsletter, para doar para uma instituição ou para comprar um produto. As alternativas são inúmeras.

Escolha um meio

Agora que você já sabe tudo sobre a sua persona e também já decidiu que tipo de história irá contar, está na hora de escolher o meio onde a história será lida, vista ou escutada.

Nesse momento, leve em consideração que tipo de formato é ideal para o seu público e quais meios ele mais acessa. Além disso, alguns formatos podem não funcionar para o seu tipo de narrativa. Então, analise todos esses fatores.

Esses são alguns formatos que podem ser usados para contar histórias:

  • História escrita: os formatos mais comuns são livros físicos, ebooks, blog posts, e artigos. Podem ser feitos em um programa tão simples como o Google Docs;
  • História audiovisual: formatos comuns incluem vídeos, animações e games. Essa é uma das melhores opções para interatividade e assimilação de conhecimento;
  • História falada: essas são histórias contadas pessoalmente, como em apresentações, palestras ou painéis. Por causa de sua natureza ao vivo, sem edições, requerem mais habilidade e prática para despertar emoções nos outros;
  • História em áudio: são faladas, mas gravadas. Abrangem formatos como podcasts e rádio. Sua produção é muito acessível.

Escreva

Hora de produzir! Faça brainstorming. Escreva, escreva e escreva. Apague e recomece de novo. Lembre-se de que fazer storytelling não é apenas contar uma história de qualquer jeito e sim atrelar significado às palavras e às imagens de modo que elas tenham algum impacto nas pessoas.

Nessa etapa, você pode usar ferramentas que te auxiliem a planejar a sua história e colocar a mão na massa, como:

  • Google Docs – para escrever seus textos;
  • Hemingway Editor – para corrigir seus textos;
  • Power Point – para apresentações;
  • Canva – para edição de imagens;
  • Adobe Photoshop e Illustrator – para edição de imagens;
  • After Effects – para edição de vídeos.

Como aplicar storytelling no marketing de conteúdo?

O storytelling tradicional das marcas já é muito conhecido pelas pessoas: sabe aqueles vídeos emocionantes da Coca Cola quando chega o Natal? Ou as propagandas incríveis do Boticário?

Esses comerciais certamente têm um apelo incrível e nós vamos mostrar alguns exemplos deles depois. Agora, queremos focar no marketing de conteúdo.

A produção de conteúdo se mostrou uma das maneiras menos dispendiosas para as empresas investirem em marketing. Então, por que gastar rios de dinheiro em comerciais quando você pode criar pequenas ações que impactam milhares de pessoas?

Bom, mas como aplicar storytelling dentro do marketing de conteúdo? Leia nossas dicas abaixo!

Conte a história da empresa

Como a sua marca surgiu e chegou até aqui? Como você trabalhou para criá-la? É inquestionável que as pessoas amam histórias inspiradoras, e entender as origens da sua empresa vai criar um ponto de conexão com elas.

Você pode contar a história da sua marca através das redes sociais, de lives, palestras e talks. Com isso, você não vai somente atrair clientes, você vai atrair consumidores que aspiram ser como você.

Dicas extras:

  • Seja honesto: não maquie a história só para que ela pareça grandiosa. As pessoas percebem quando você mente;
  • Inspire: dê destaque para os conflitos e obstáculos pelos quais você teve que passar;
  • Finalize: não se esqueça de contar a resolução da história e de deixar claro como isso levou a marca até aqui.

Compartilhe as histórias dos seus clientes e colaboradores

Compartilhe com o público as histórias de sucesso de seus clientes e colaboradores. Você pode fazer isso gravando relatos através de vídeos ou pedindo para que os clientes e colaboradores escrevam um texto.

Depois, compartilhe os conteúdos pelas suas redes sociais. Lembra do elemento de identificação e empatia que o storytelling gera? Aqui, é uma ótima oportunidade de você aproveitar isso para criar uma conexão com um futuro cliente.

Se você pretende fazer uma campanha para atrair e reter talentos, é legal focar nas histórias de colaboradores. Já se você deseja atrair vendas, foque nos cases de sucesso dos seus clientes.

Veja um exemplo de storytelling com foco nos colaboradores, da empresa VTEX:

Construa narrativas em torno do usuário

User-generated content é o conteúdo gerado pelo próprio usuário. Atualmente, as marcas devem estar atentas a esse tipo de conteúdo para conseguir criar diálogos e narrativas em torno das pessoas.

Veja, por exemplo, a Netflix. A gigante do streaming produz muito conteúdo nas redes sociais, especialmente no Twitter. Ao constatar que um dos pedidos mais frequentes de seus usuários se referia aos filmes de Harry Potter, a marca resolveu fazer uma piada com isso:

Exemplo de storytelling da NetFlix

O segredo é centrar a sua comunicação no público para que o storytelling esteja sempre consistente e cause o efeito desejado.

Deixe a audiência com um gostinho de quero mais

Quando você conta uma história, você geralmente estabelece um ponto de conflito, podendo criar um mistério em torno disso. E você não precisa necessariamente finalizar a história no mesmo conteúdo.

Sim, você pode deixar um suspense no ar para enlouquecer o público de curiosidade! E isso nos faz voltar a um daqueles elementos do storytelling que já explicamos no início do artigo: o desconhecido.

O leitor ou ouvinte não pode saber o que vai acontecer depois e, às vezes, prolongar essa expectativa acaba gerando buzz marketing, o que é muito positivo. É assim que funciona nos lançamentos de muitas séries de TV, por exemplo.

Então, que tal criar um suspense nos stories do seu Instagram e postar a resolução só no dia seguinte? E por que não compartilhar posts que se complementam?

Escreva conteúdo criativo

Mais do que tudo, é importante criar conteúdo criativo. Uma narrativa precisa ter um diferencial, do contrário, ela será mais do mesmo.

Ao escrever artigos para blog ou textos para as redes sociais, lembre-se de que o conteúdo deve ter um início, meio e fim. E é preciso de um fator surpreendente para chamar a atenção da audiência.

Veja algumas dicas para começar a criar um conteúdo de valor diferenciado:

  • Explore sites e fontes de outros países;
  • Aproveite os comentários dos seus seguidores nas redes sociais;
  • Use recursos de linguagem, como metáforas;
  • Varie os formatos de publicação, utilizando artigos, vídeos, infográficos, ebooks, podcasts, entre outros.

Por fim, procure solucionar a dor da persona. Leve o público até essa solução, fazendo com que ele identifique suas dores no meio do caminho.

Use influenciadores

Os influenciadores são storytellers fantásticos, afinal, é justamente por isso que eles conseguiram conquistar a grande audiência que eles possuem. Segundo estudos, 37% dos consumidores confiam mais em influenciadores do que em marcas.

Influencers são experts em criar narrativas diferentes e inserir marcas no meio delas, já que eles vivem de publis e patrocínios. Portanto, não hesite em utilizar essa estratégia nas redes sociais.

Apenas tenha cuidado na hora de selecionar os influenciadores com os quais você vai trabalhar. O público-alvo do influencer deve ser semelhante ao seu; do contrário, a campanha não vai surtir efeito.

6 exemplos de storytelling pra te inspirar

A prática do storytelling tem se tornado cada vez mais comum não só entre as grandes marcas, mas também entre influenciadores que utilizam essas técnicas para divulgar seus parceiros.

Abaixo, vamos dar uma olhada em alguns cases de sucesso de marcas e influencers que se destacam como grande storytellers.

Guinness – Wheelchair Basketball

Nessa campanha, a cerveja Guinness utiliza um dos importantes elementos do storytelling para causar surpresa: o plot twist. No início, acreditamos que a cena se trata apenas de uma partida de basquete entre amigos cadeirantes.

Com o desenrolar da história, o comercial impressiona quando mostra todos os amigos levantando das cadeiras de rodas, exceto por um. É quando a seguinte mensagem passa: “as escolhas que fazemos revelam nosso real caráter”.

Essa é uma história de amizade, lealdade e invisibilidade. A campanha cria essa conexão emocional de forma espetacular, atrelando esses valores à cerveja Guinness.

Two Lost Kids – Game Girl

As influenciadoras Thali e Gabi são irmãs super criativas que assinam campanhas ricas em detalhes visuais. A estética de seus vídeos é muito inspirada no cinema de Wes Anderson e França Agnès Varda.

No vídeo do Instagram abaixo, elas simulam um joguinho dos anos 2000 onde você pode escolher e montar a sua maquiagem e proteção solar. Uma forma muito criativa de divulgar uma marca de beleza.

Clique na imagem para assistir ao vídeo.

Two Lost Kids - Game Girl

Letícia Ribeiro – Óculos Mágicos

Letícia Ribeiro é uma influenciadora e storyteller nata. Ela trabalha especialmente com vídeos em seu Instagram e já criou diversas campanhas criativas que se destacam pelo seu estilo mais romântico e pop.

Na campanha para a marca de óculos Zerezes, ela cria uma história mágica em torno do produto, onde é possível enxergar o mundo de forma diferente e otimista.

Clique na imagem para assistir ao vídeo.

Letícia Ribeiro

Always – Like a Girl

A empresa Always utilizou uma estratégia de storytelling para repassar uma mensagem social importante, impactando mulheres ao redor do mundo. A campanha tinha o objetivo de ressignificar a expressão “faça como uma garota”, ajudando as novas gerações de meninas a passarem pela puberdade sem ter de lidar com tanto preconceito e estereótipo.

O vídeo mostra que enquanto as mulheres mais velhas enxergam a expressão “como uma garota” de maneira distorcida e estereotipada, as garotas jovens ainda agem de maneira natural, como deveria ser.

Com essa mensagem, a Always conscientiza as pessoas de que ser uma garota não deve ser sinônimo de fraqueza ou frescura, e sim de força.

Barbie Style

Você sabia que a Barbie tem um perfil no Instagram? É isso mesmo! A marca, além de investir em um perfil corporativo, criou um perfil de figura pública para a boneca mais querida da criançada.

No Instagram da Barbie, podemos ver que o storytelling é feito para humanizá-la, criando cenários reais onde a boneca é inserida em ruas da cidade, na sua casa, no trabalho e em momentos cotidianos. E claro, sempre vestindo modelitos estilosos.

Barbie Style

John Lewis – The Journey

Nessa propaganda da loja de departamentos John Lewis, acompanhamos a jornada de um boneco de neve que ganha vida. O mais legal desse comercial é que ele pode ser analisado dentro da estrutura da jornada do herói de Joseph Campbell, da qual já falamos acima.

Na propaganda, o boneco de neve segue uma jornada para ir atrás de um presente para seu grande amor. E durante essa estrada, ele passa por diversos obstáculos, até finalmente chegar em seu destino final: a loja da John Lewis.

É então que ele volta para casa com o seu elixir: o presente para sua amada e o amor que aquele objeto representa.

A narrativa transmídia dentro do storytelling

Além de tudo isso que já explicamos, surge uma nova camada dentro do storytelling chamada de narrativa transmídia. Essa estratégia tem se provado uma solução eficiente em empresas que querem aumentar seus pontos de contato com os consumidores.

Narrativa transmídia são histórias contadas através de diversas mídias. Um detalhe importante é que essas histórias são independentes, mas ao mesmo tempo, devem se complementar.

Por exemplo, no universo de The Witcher, existem os livros, os games e a série de TV da Netflix. Você poderia tranquilamente consumir apenas um desses conteúdos, pois todos eles funcionam individualmente.

No entanto, consumindo todos, você terá uma noção maior e mais completa do universo, entendendo sobre outros personagens e situações que não aparecem em todas as mídias.

A narrativa transmídia mescla diferentes canais com a mesma história, mas sob diferentes perspectivas. Ela pode ser muito benéfica para as marcas, pois incentiva os consumidores a continuarem acompanhando a empresa em outras mídias.

3 cases de storytelling com narrativa transmídia

Os estúdios de cinema e os streamings, como a Disney, Warner e Netflix conduzem essa estratégia com maestria, mas é possível moldá-la para o universo das marcas de qualquer segmento.

Veja abaixo alguns cases de sucesso de marcas que fizeram transmídia storytelling de maneira fantástica.

Despedida da Kombi

Em 2014, a Volkswagen resolveu parar de fabricar a famosa Kombi, queridinha que virou símbolo da geração dos anos 60. Para destacar a linda trajetória da marca, eles aplicaram narrativa transmídia, contando com uma estratégia de storytelling incrível.

Primeiro, foram lançados press releases para vários veículos da imprensa, anunciando que o modelo sairia de linha e criando uma comoção geral. Depois, a empresa publicou nos jornais um anúncio que trazia o testamento da Kombi, com seus últimos desejos – um texto emocionante que evocava as memórias dos consumidores do carro.

Todas essas ações culminaram em um vídeo de despedida da Kombi, mostrando a comoção que as ações geraram ao redor do mundo e as heranças que estavam sendo passadas para pessoas que tiveram alguma ligação com ela. Um ótimo exemplo de transmídia bem conduzida.

Garota Errada – Manu Gavassi

Não poderíamos falar de narrativa transmídia sem falar do reality Big Brother Brasil, que vem aumentando cada vez mais a sua audiência desde que começou a adicionar participantes influenciadores.

Foi Manu Gavassi quem deu um show de narrativa na edição de 2020. Antes de entrar no BBB, ela criou 91 conteúdos para serem postados durante a exibição do programa. A partir daí, a equipe dela começou a lançar as pílulas da websérie “Garota Errada”, com muito humor autodepreciativo.

O ponto alto de sua narrativa foi o fato dela ter pensado em todas as possibilidades do programa, elaborando vídeos que se encaixavam perfeitamente nos melhores momentos, seja na prova do líder, do anjo ou em alguma situação que a tornava a vilã.

Foi assim que Manu conquistou uma legião de fãs.

Pokémon Go

A marca Pokémon é um grande exemplo de transmídia storytelling. Aliás, você sabia que os games vieram antes do anime? Pois é, em 1995, Satoshi Tajiri criou os jogos do Pokémon para Nintendo e Gameboy. Foi só depois que a história se tornou uma animação na TV.

O jogo Pokémon Go foi liberado em 2016 e atraiu não somente crianças, mas também um público mais velho que havia crescido com Pokémon nos anos 90. O game é uma expansão do universo em realidade aumentada onde o jogador é um treinador que precisa pegar o máximo de Pokémons quanto conseguir.

Podemos perceber que o sucesso da marca não se deve somente a uma estratégia, mas a múltiplas combinadas. Enquanto algumas narrativas atraem públicos mais jovens, outras conseguem atrair diferentes públicos. Tudo isso graças à transmídia.

Pokémon Go

O fim da jornada

Assim como toda história e toda jornada tem um início, meio e fim, esse artigo também.

Depois de explicar os elementos principais do storytelling, passar pelos estágios da jornada do herói e exemplificar com cases de sucesso de marcas, está na hora de você voltar pra casa com esse conhecimento solidificado.

É o momento de você colocar em prática. E vale lembrar que storytelling não se trata de uma receita de bolo: essas recomendações e dicas são apenas boas práticas que podem te auxiliar, mas não são estruturas rígidas que você precisa seguir à ponta de faca.

Afinal, a graça do storytelling está nisso: é poder adaptar de acordo com o seu objetivo.

E aí, gostou do conteúdo? Então, continue ligado nos próximos artigos!

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